Ao longo dos meus ramos cobriam
verdes folhas
Brilhantes de orvalhos, redondos
como bolhas.
O caule tortuoso, de bela
escultura
Não dava os seus brotos os pomos
com doçura.
Aparentava apenas ser árvore de
frutos,
Mas nada produzia, além de verdes
musgos.
Então alguém passando, falou-me
com carinho:
“Figueira, não iluda os homens do
caminho.”
Pra que fingir ser boa, mais forte
e graciosa
Se nunca deu um figo em sombra tão
frondosa.
Em nada anuncie aquilo que não
gera,
Assuma as folhas secas por toda a
primavera.
Fingir que é formosa, burlando a
verdade,
Só traz pra sua vida vazio e
inimizade.
Revele sua essência, espere o
tempo certo
Que todo bem alcança a fé de peito
aberto.
Desperte a coragem
Enquanto imperfeita.
O belo é assumir-se
na paz de quem se aceita!